27 de dezembro de 2013

Dica de Hoje: Homem de Ferro - Crash

A década de 80 foi mesmo uma época muito rica  para os quadrinhos. Miller entrou de sola com Cavaleiro das trevas, Ronin; Moore revolucionou com Monstro do Pântano, Watchmen e outros. Claro, Gaiman criou Sandman e Dematteis a injustiçada Moonshadow. Havia espaço para novas tentativas, e novas formas de explorar o meio quadrinhistico, com o crescente respeito ganhado pelas Graphic Novels, o termo chique que passou a denominar as hqs de temáticas adultas.Nesse contexto, a Marvel investiu no futuro representado pelos computadores para explorar um pouco mais, e não por acaso, o personagem escolhido para isso foi o Homem de Ferro, o personagem sinônimo de tecnologia.
Assim, uniram o artista Mike Saenz ao programador Wiiliam Bates e o resultado foi  ”Crash”,uma espécie de “Cavaleiro das trevas” do Vingador Dourado,e  a primeira hq completamente produzida por computador. A trama se passa no futuro, com Tony Stark já com mais de 70 anos, mas ainda jovem graças a uma droga que retarda o envelhecimento. Nesse cenário, ele contracena com Nick Fury, ainda diretor da Shield, numa história que envolve politicagens, pirataria e espionagem industrial. Enfim, uma história típica do ferroso.
Como toda Graphic Novel que se pretendia adulta na época, o pessimismo impera. Pelo próprio tom da história, simplesmente não parece haver chance de um final completamente feliz. A hq acaba sendo bacana por dois motivos. O primeiro: é um registro de uma época, mostrando uma visão interessante de como seria o mundo pós guerra-fria, com o advento das novas tecnologias que começavam a despontar. Presente na obra está o medo que os Norte-Americanos sentiam dos japoneses na época, o receio de que a tecnologia japonesa pudesse superar a potência ocidental e dominá-los. A ameaça de Crash se apresenta na forma de uma corporação japonesa que pirateia a tecnologia da armadura de Tony Stark, o que obriga o próprio a agir.





Mike Saenz se esforça para mostrar que os vilões são pessoas especificas da corporação e não o Japão em si, mas mesmo assim a impressão que fica é a contrária. Causa um certo desconforto em quem sabe como ideologias são incutidas em qualquer história, no cinema, na literatura ou nas hqs e pode causar estrago no ” mundo real”. O segundo motivo é o visual computadorizado das ilustrações. Me lembra aqueles primeiros jogos de pc, como Doom e Wolfstein 3d, totalmente esquisito para uma hq. Mas não deixa de ser um registro iconográfico legal de como foram os primeiros passos em se produzir direto no computador.







Toda a verborragia tecnológia que Stark usa para descrever os componentes da sua armadura é muito divertida, e no frigir dos ovos, “Crash” se apresenta como uma boa história, que mereceria ser lembrada como uma das mais icônicas do personagem pela tentativa de explorar a forma de fazer quadrinhos, ao lado de “o demônio da garrafa”, ” a guerra das armaduras”, “Extremis” e algumas outras.

Lançada no Brasil pelo selo Graphic Novel em 1988, vale lembrar que a DC também produziu sua própria obra inteiramente em computador, “Batman- Digital Justice”, mas não sei dizer se a iniciativa foi inspirada por Crash.






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